Não há nada de cinza a cerca de se um discípulo de Cristo
deve ou não assistir a Cinquenta Tons de Cinza. É preto no branco. Não vá. Não
assista. Não leia. Não leve para casa.
Não! Eu não vi o filme. Também não assisti ao trailer, nem
li uma única página do livro. O pouco que li e ouvi sobre o tema me convenceu
de que eu não precisava saber de mais nada. O sexo é sim um dom maravilhoso de
Deus para marido e mulher, mas, como todas as dádivas de Deus, ele pode ser
desembrulhado no contexto errado e reembalado com embalagem horrível. A
violência contra a mulher não é aceitável só porque ela está aberta à sugestão,
nem o sexo está aberto a todas as possibilidades, mesmo em um relacionamento
adulto. Consentimento mútuo não torna moralmente aceita uma filosofia.
O sexo é um assunto privado, para ser partilhado na
privacidade e na inviolabilidade do leito conjugal (Hb 13.4). Intercurso
sexual, como Deus projetou, não é para atores que fingem (ou não) que estão
fazendo “amor”. O ato de união conjugal é o que os casais fazem a portas
fechadas, e não o que os discípulos de Jesus Cristo deveriam pagar para ler ou
assistir.
Precisamos tomar todo o cuidado com aquilo que pensamos
colocar diante dos nossos olhos (Jó 31.1); afinal, somos homens e mulheres que
foram espiritualmente assentados nos lugares celestiais com Cristo (Ef 1; Cl
3). Se Cinquenta Tons de Cinza é um problema, qual é o padrão que alguns usam
para se livrar do resto da sensualidade que eles tão livremente consomem? Esteja
certo de que a consciência do pecado não é por si só o problema. A Bíblia está
repleta de classificações para a imoralidade. Seria simplista e moralmente
insustentável, até mesmo sem base bíblica, sugerir que você não pode assistir
ao pecado ou ler sobre o pecado sem também pecar. Mas a Bíblia nunca se deleita
com a descrição que ela faz do pecado.
Ela nunca pinta a depravação com as cores da virtude. Não se entretém com o
mal. A Palavra de Deus não entorpece a consciência, fazendo o pecado parecer
normal e a justiça parecer estranha.
Os cristãos jamais deveriam tentar “redimir” Cinquenta Tons
de Cinza. Nunca poderiam usar de astúcia e anunciar, por exemplo, uma nova
série de sermões intitulada: “Cinquenta Tons de Cinza”. Não seria apropriado
dar à arte e à santidade um nome ruim, pensando que, de alguma forma, algo tão
negro como essa obra vale a pena ser visto ou revisto. De acordo com a lógica
de Paulo, é ao mesmo tempo possível expor o pecado e mantê-lo escondido (Ef
5.11-12). Matthew Henry escreveu que “um bom homem tem vergonha de falar o que
muitas pessoas não têm vergonha de fazer”. Assim deve ser o cristão.
Alguns filmes não merecem análise sofisticada. Eles merecem
sóbrio repúdio. Se a igreja não pode estender graça aos que cometem pecados sexuais,
ela perdeu o coração do Evangelho; e se ela não pode dizer às pessoas para
ficarem longe de Cinquenta Tons de Cinza, ela perdeu a cabeça. Portanto, sem
tons de cinza!
Texto do Pr. Kevin DeYoung
Traduzido e adaptado pelo Pr. Leandro B. Peixoto
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