Meu pai plantava e colhia milho. Eu o via usando força para,
num golpe, quebrar e arrancar a espiga do pé. Ele parecia tão rude e suas mãos
tão fortes! Essa imagem, entretanto, contrastava com a gentileza com que ele lidava
com a pequena muda. Na verdade, ele usava tipos diferentes de forças para
plantar e para colher.
Uns plantam mais, outros colhem mais e, ambos, estão
sujeitos a tentações características.
O orgulho e a ganância são mais comuns aos que colhem. É fácil
o atacante vangloriar-se por fazer gols, mesmo sendo esta a sua obrigação, e
desconsiderar todo o trabalho da equipe. Também há os praticam a política de
"terra arrasada", ou seja, colhem sem cuidar da terra para que
continue produzindo, imaginando que a vida é apenas colheita. Ainda não
entenderam que sustentabilidade não se aplica somente à ecologia, mas também a
relacionamentos, a família e ao crescimento das igrejas.
Indignação e inveja são mais comuns aos que plantam, a ponto
de ficarem indignados com os que colhem, embora este seja exatamente o objetivo
da equipe. Lembro-me de um pastor no interior de Goiás que batizava a muitos e
perdia, anualmente, os mais talentosos para as igrejas da capital, porque iam
procurar estudos e trabalho. O paradoxo é que quanto melhor era o trabalho
dele, mais ele "perdia".
E ainda tem aquele que nem planta, nem colhe, mas ainda
sente orgulho ou indignação, quando é, na verdade, apenas um vigia de armazém.
A coisa fica ainda mais feia quando um começa
"bater" no outro, o que,
infelizmente, ocorre com muita frequência.
Pior que tudo, imagino, é
o motivo: um sentimento inapropriado de propriedade, apenas porque
plantou, colheu ou simplesmente o milho está temporariamente em seu armazém,
mesmo sabendo que não teve qualquer poder sobre o milagre do crescimento.
Ah! Quando vier o Senhor da vinha...
Pr. Juracy Bahia
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