Texto básico: Êxodo 19.1-20.17
Texto devocional: Salmo 19.1-14
Versículo-chave:
“Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e
guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre
todos os povos; porque toda a terra é minha” (Êx 19.5).
Introdução
Quando pensamos nos dez mandamentos, imaginamos logo um fato
restrito ao passado, no Antigo Testamento, e que nada tem a ver com o
cristianismo da era da graça.
Roderich Meredith disse que há todo tipo de pensamento sobre
os dez mandamentos: todos gostam do filme, alguns os amaldiçoam, outros os
quebram e outros os chamam de “lei impossível”.
Fazemos aqui três considerações sobre os dez mandamentos.
1. São palavras de Deus. Moisés transmitiu, mas o Doador e
Autor é Deus (Êx 20.1-2).
2. Apresentam a aliança de Jeová com Israel. Deus está
fazendo uma aliança com Seu povo e deixa mandamentos que deverão ser observados
(Êx 19.5).
3. Não são uma imposição autoritária, mas produto de uma
aliança que foi aceita alegre e voluntariamente (Êx 19.8). Os mandamentos
traçam uma linha de relacionamento vertical (homem | Deus) e outra horizontal
(homem = homem). Nas palavras de Lutero: “Os dez mandamentos formam um
compêndio de doutrina divina, o qual nos ensina como devemos nos comportar a
fim de que a nossa vida agrade a Deus”.
I – O HOMEM EM RELAÇÃO A DEUS (Êx 20.3-11)
Os quatro primeiros mandamentos tratam do relacionamento
comprometido do homem com Deus. Esses revelam quatro características de Deus,
segundo Paul Hoff, que deverão ser observadas.
1. A unicidade de Deus (Êx 20.3)
Deus chama a atenção para Si mesmo em primeiro lugar,
proibindo a idolatria. O homem não pode adorar outros deuses, pois não existem;
eles são como o vento (Os 12.1).
Aplicação para hoje
Sempre que qualquer pessoa ou objeto toma o primeiro lugar
em nossa vida – o lugar que pertence somente ao Deus verdadeiro – cometemos o
pecado de idolatria.
2. A espiritualidade de Deus (Êx 20.4-6)
Ao homem é proibido adorar imagens, como também prestar
culto ao verdadeiro Deus de forma errada ( Jo 4.24). Esse segundo mandamento
não foi dirigido aos deuses pagãos das outras nações (isso foi proibido no
primeiro), mas contra a falsa noção de adoração a Deus que pudesse levar Israel
a representá-Lo por uma imagem, conforme o costume das nações ao redor (Dt
4.15-19).
3. A santidade de Deus (Êx 20.7)
Esse mandamento proíbe o uso do nome de Deus de maneira
leviana, insincera. O nome de Deus revela o Seu caráter. Jesus deu ênfase à
atitude de reverência que devemos ter com o nome de Deus, na oração que
ensinou: “santificado seja o teu nome” (Mt 6.9).
Aplicação para hoje
Como ficam aquelas expressões corriqueiras aprendidas e
usadas no dia a dia e que usam o nome de Deus? Expressões como “meu Deus!”, ou
“Deus me livre!” denotam o uso indevido do nome de Deus, pela mera força do
hábito (Mt 12.36).
4. A soberania de Deus (Êx 20.8-11)
Um dia da semana pertence a Deus. Reconhece-se a soberania
de Deus guardando o dia do repouso. Santificar significa separar para o culto e
serviço. Esses quatro mandamentos formam a parte vertical do pacto que trata do
relacionamento do homem e Deus.
II – O HOMEM EM RELAÇÃO AO HOMEM (Êx 20.12-17)
Deus chamou Israel para ser propriedade peculiar, reino de
sacerdotes e nação santa dentre todos os povos (Êx 19.5-6). Era preciso
garantir que como nação pudessem desenvolver relacionamentos humanos.
1. Respeito aos representantes de Deus (Êx 20.12)
Se o homem não honrar aos pais, tampouco honrará a Deus,
pois essa é a base de respeito a toda autoridade (Ef 6.2,3). A observância
dessa lei é tão importante que bênçãos eram prometidas a todos quantos a
guardem.
2. A vida humana é sagrada (Êx 20.13)
É a proibição do homicídio. Como quem nos fez, Deus conhece
a maldade inata em nosso coração. Deus freia essa maldade e nos exorta ao
respeito e à integridade física alheios. Mas não esqueça a palavra de João:
“Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino” (1Jo 3.15).
3. A família é sagrada (Êx 20.14)
Esse mandamento protege o matrimônio por ser instituído por
Deus (Lv 20.10). Jesus, ao interpretar esse mandamento, nos mostra que a lei de
Deus tem a ver com os pensamentos e intenções do coração.
Aplicação para hoje
A lei de Deus não somente exige castidade, pureza do corpo,
como também pureza no íntimo, pureza da mente e das afeições (Mt 5.27-32). É
interessante notar que quando se trata dos mandamentos horizontais (homem =
homem) a ordem é primeiro aos de casa, depois aos de fora.
4. Respeito à propriedade alheia (Êx 20.15)
Há várias maneiras de violar esse mandamento: não pagar
suficientemente ao empregado; não fazer o trabalho correspondente ao salário
combinado; cobrar demasiado, além de roubar. Isso é desrespeito à integridade
alheia (Ef 6.5-9).
Aplicação para hoje
Como tem sido nosso comportamento no trabalho em relação ao
horário (chegar atrasado, sair mais cedo) e à produtividade?
5. A justiça (Êx 20.16)
O testemunho falso, sem valor e sem fundamento constitui uma
das formas mais seguras de arruinar a reputação de uma pessoa (Pv 6.16-19).
Aplicação para hoje
É muito importante tomar cuidado quando somos solicitados a
dar opinião a respeito de outras pessoas. O que dissermos poderá se tornar
definitivo.
6. O controle dos desejos (Êx 20.17)
“Não cobiçarás” é a manifestação plena do caráter ético do
Decálogo.
A cobiça é o ponto de partida de muitos pecados contra Deus
e contra os homens. Cobiça é o desejo imoderado e violento de possuir alguma
coisa: não se trata de simples desejo, mas do desejo que é sensual e não
restrito ou disciplinado. Paulo faz referência a esse mandamento, em Romanos
7.7, não apenas como “autobiografia” – é a “biografia” de todo ser humano. Foi
esse pecado interior, em parte, que levou à queda Adão e Eva.
Aplicação
Deus preservou Seu povo nos Dez Mandamentos uma linha
perfeita de relação vertical e horizontal.
III – JESUS E OS DEZ MANDAMENTOS (Mt 5.17)
1. Jesus não veio revogar ou invalidar a lei, pelo
contrário, veio cumpri-la de acordo com o propósito eterno de Deus. Jesus
ampliou a lei, mostrando os motivos íntimos e as atitudes do coração que
conduzem o homem a quebrar os mandamentos (Mt 5.21-30). “Mas eu vos digo”.
2. Jesus condenou o legalismo dos fariseus que transformaram
a lei num amontoado de proibições da qual eles mesmos estavam isentos (Lc
11.46) e que dela se utilizavam em benefício próprio em nome da justiça (Mt
5.20). O grande erro dos judeus foi tirar o coração da lei. Tornaram-se
legalistas ao extremo e se esqueceram da pessoa.
CONCLUSÃO
É importante notar que em todo o livro do Êxodo Deus trata o
povo como “vós”, mas, ao falar o decálogo, o pronome é “tu”. A sede da moral e
da religião está no indivíduo. A moral brota dentro da pessoa. Jesus disse que
o que contamina o homem é o que vem do coração (Mt 15.18). Baseados no exposto
podemos perguntar:
• como cada um de nós tem reagido aos mandamentos de Deus?
• será que a forma de amar o próximo tem evidenciado o nosso
amor a Deus?
Autor da lição: Pr. Paulo Chaves Barbosa - Extraído da revista “O Comportamento do Crente”. Usado com permissão.
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