Olha, pois, meu pai, vê aqui a orla do teu manto na minha
mão; porque cortando-te eu a orla do manto, não te matei. Sabe, pois, e vê que
não há na minha mão nem mal nem rebeldia alguma, e não pequei contra ti; porém
tu andas à caça da minha vida, para ma tirares. (1 Samuel 24:11)
Com ciúmes do jovem Davi, o rei Saul fez tudo para matá-lo,
perseguindo-o com tropas do exército real. No meio de suas fugas, houve um
momento no qual Davi poderia, se quisesse, matar Saul. Na primeira
oportunidade, Davi reitera seu respeito pelo reinante Saul e apresenta uma
prova da sua postura: “Olha, meu pai, olha para este pedaço do teu manto em
minha mão! Cortei a ponta do teu manto, mas não te matei. Agora, entende e
reconhece que não sou culpado de fazer-te mal ou de rebelar-me. Não te fiz mal
algum, embora estejas à minha procura para tirar-me a vida” (I Samuel 24:11).
O corte da manta do rei Saul sempre tem sido lido, em um
clima quase novelesco, cercado de grande suspense. Afinal, o jovem Davi teve
Saul ao seu alcance e poderia, “justificadamente”, fazer justiça com as
próprias mãos, eliminando um monarca que desobedece ao Senhor e que houvera
traído a unção recebida das mãos do incomparável juiz, Samuel.
A motivação de Davi deve ser modelo para nossa postura de
justiça. De acordo com a tradição humana, a injustiça deve ser punida, na base
do “olho por olho, dente por dente””. Aliás, na hora da raiva, a vontade é
furar dois olhos por um olho e arrancar dois dentes por um dente. Como a
justiça é cega, a ira por causa da injustiça sofrida também é cega. O desafio
do Cristo não agrada aos legalistas: Ele nos mostra que a justiça final
pertence a Deus. E mais, que nossa parte de injustiçados é orar pelo nosso
miserável inimigo. Discípulos de Cristo têm muito clara a atitude a tomar
diante dos que nos prejudicam: entregá-los ao Senhor. Para um desabafozinho,
sempre teremos a chance de cortar a orla da manta deles...
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