Há momentos na vida que paramos para refletir sobre as mais
variadas situações.
Avaliamos e reavaliamos toda nossa existência em seus
momentos. Uns alegres, outros nem tanto, e outros que nos trouxeram tristeza,
agonia e dissabor. Tenho atentado para isso e submetido minha mente à exaustão
na tentativa de compreendê-las. Cheguei à conclusão de que estou cansado.
Cansado ao perceber que, não raro, tenho trabalhado em vão; cansado em ter que
admitir que verdadeiros amigos têm se tornado artigo de luxo; cansado de ter
entregue o ombro, os ouvidos, a atenção, o carinho, a dedicação, a intercessão
e a cumplicidade a tantos em momentos de crise e, simplesmente, ser descartado
e sentido a sensação de ter sido traído; cansado de perceber que criamos nossos
próprios guetos e que nada mais nos importa a não ser arrebanharmos o quanto
pudermos para o mesmo sem nenhuma sensibilidade, sentimento ou mesmo preocupação
com a ética (o que é isso mesmo!?); cansado de me sentir obrigado a reconhecer
que igrejas antes chamadas co-irmãs têm aberto mão da cooperação em nome da
competição; cansado da pregação egocêntrica do evangelho onde o bem estar
pessoal é o que importa em detrimento do coletivo; cansado da pregação
incoerente do falar e viver; cansado da pregação farisaica do faz o que falo e
não o que faço; cansado da manipulação da mente e consciência humanas
distorcendo a palavra de Deus para embasar afirmações humanas; cansado de uma
igreja despreocupada com a pregação do evangelho e do encaminhar perdidos à
salvação e preocupada com eventos que a tornem visível; cansado da falsidade
que impera do tapinha nas costas e do falar mal por trás; cansado de ser bombeiro,
eliminador de incêndios infantis e desnecessários; cansado de ter que admitir a
imaturidade de tantos que já não têm idade para isso, meninos inconstantes,
levados por quaisquer sentimentos; cansado dos que desejam impor suas vontades
pessoais em detrimento à vontade do Senhor; cansado da falsa humildade e
piedade que não se manifesta no servir ao Senhor e aos irmão; cansado da
ausência de líderes servos, preocupados com pessoas e com o reino e não consigo
mesmos; cansado de lidar com os que desejam que se faça sua vontade e não a do
senhor, e quando isso não acontece ficam magoados (sensíveis demais!); cansado
de ser polido com as palavras para não ferir suscetibilidades; cansado ao ter
que admitir a ausência em nosso meio de amor, arrependimento, perdão, união, o
estender da mão para a reconciliação; cansado de ouvir falar de pecados
internos que atrofiam, aniquilam e não permitem a ação do espírito santo
produzindo restauração, cura e crescimento, sem elementos reais que permitam
uma ação producente; cansado ao constatar o compromisso sério da esmagadora
maioria com este mundo e as coisas materiais e o descompromisso com Deus e sua
Igreja; cansado de ser cobrado ao extremo e não ser procurado para saber o
motivo de não ter produzido o esperado; cansado de ter que agradar e não
esperar ser agradado; cansado de me decepcionar com pessoas e atitudes antes
inimagináveis; cansado ao constatar que a Igreja sonhada se torna cada dia mais
distante, utópica, inatingível, simplesmente pela ausência do desejo de todos
juntos trabalharmos no ideal de que ela floresça, apareça, desabroche. Estou
cansado! Será que estou em crise? Creio que sim! Preciso de ajuda para
superá-la, atravessá-la e cantar vitória ao final. Na verdade, precisamos de
ajuda do Senhor, somente D'ele.
O profeta Jeremias em momento de crise assim se manifesta:
“bom é ter esperança, e aguardar em silêncio a salvação do Senhor” lamentações
3:26; ressalta que a esperança advém do arrependimento: “ponha a boca no pó;
talvez ainda haja esperança” lamentações 3:29. Precisamos como igreja cultivar
as virtudes expressas na palavra de Deus: “revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de
humildade, de mansidão, de longanimidade. Suportai-vos uns aos outros,
perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim
como o senhor vos perdoou, assim também perdoai vós; acima de tudo isto, porém,
esteja o amor que é o vínculo da perfeição. Seja a Paz de Cristo o árbitro em
vosso coração, à qual, também, fostes chamados em um só corpo; e sede
agradecidos. Habite, ricamente, em vós a Palavra de Cristo; instruí-vos e
aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus com salmos, e
hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração. E tudo o que
fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do senhor jesus, dando
por ele graças a Deus pai” (Colossenses 3:12-17).
No entanto, firmado estou na palavra de Deus, creio que ela
é viva e eficaz, que a despeito das circunstâncias ele está conosco todo o
tempo, todos os dias, reconhecendo que nele somos mais que vencedores,
esperançoso me entrego e desejo nos entreguemos todos e prossigamos nos
esquecendo das coisas que para trás ficam olhando para Jesus autor e consumador
da nossa fé. Ouçamos o Senhor: “por que, pois, dizes, ó Jacó, e falas, ó
israel: o meu caminho está encoberto ao Senhor, e o meu direito passa
despercebido ao meu Deus? Não sabes, não ouviste que o eterno deus, o senhor, o
criador dos fins da terra, nem se cansa, nem se fatiga? Não se pode
esquadrinhar o seu entendimento. Faz forte ao cansado e multiplica as forças ao
que não tem nenhum vigor. Os jovens se cansam e se fatigam, e os moços de
exaustos caem, mas os que esperam no senhor renovam as suas forças, sobem com
asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam” (isaías
40:27-31). Deus nos abençoe, nos fortaleça e nos dê coragem e ousadia para
superarmos com galhardia mais esse tempo para a glória do Senhor. “Porque dele,
e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A Ele, pois, a glória
eternamente. Amém!”
Pr. Ronem
Rodrigues do Amaral
Igreja Batista
Central de Italva
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