“E, por se multiplicar a iniquidade ou maldade, o amor de
muitos esfriará” (Mt 24.12).
Este é o diagnóstico preciso do Senhor Jesus. Já vivemos
esse tempo. Dentro e fora das igrejas temos constatado a multiplicação da
maldade, da injustiça e a diminuição drástica ou o esfriamento do amor. São
muito poucos os que se importam com as necessidades, mazelas do próximo. O
nosso tempo é de egoísmo, personalismo e estilismo. As pessoas estão ficando
cada vez mais fúteis, preocupadas com o exterior ou com a aparência, vazias,
sendo dominadas pela tecnologia fácil. Estão cada vez mais robotizadas.
Computadores, celulares e outros aparelhos eletrônicos dominam os incautos.
Utilizar a tecnologia para o bem pessoal e comum é uma coisa, mas ser dominado
por ela, é outra bem diferente. O que temos notado regularmente é que as
pessoas estão mais voltadas para coisas do que para o próximo.
O amor de
muitos está se esfriando como o incidente da rampa de ciclismo Tim Maia
arrancada pela enorme onda no Rio de Janeiro. O corpo de uma das vítimas estava
na areia da praia e logo ao lado estava um grupo de homens jogando futebol.
Quanta insensibilidade, frieza diante da dor do próximo, da família da vítima;
quanta falta de respeito, de valor à vida! Que lástima. O homem tem sido mais
insensível do que os animais. Na verdade, ele tem vivido mais pelos instintos
do que pelo sentimento, pela solidariedade e pela empatia. A multiplicação da
maldade tem cauterizado mentes e corações. A natureza má, perversa de Adão tem
permeado a sociedade e, muitas vezes, os ambientes eclesiásticos, determinando
os relacionamentos.
A vida do
ser humano tem valido muito pouco. Por causa de dez reais o viciado que não
paga ao traficante perde a sua vida. Jesus nos ensina que uma vida vale mais do
que o mundo inteiro. Aqui temos um duro contraste entre o sistema deste mundo e
os valores do Reino de Deus, do evangelho de Cristo. Jesus afirmou
categoricamente que o diabo veio matar, roubar e destruir (João 10.10). E ele
tem feito estragos sem precedentes na história. Jesus veio para nos dar vida e
esta em abundância. Vida de significado, que se importa com o próximo e o
irmão. Que possui valores nobres. Valores do Reino de Deus. Que vive com
entusiasmo a comunhão com Deus por meio
de Cristo, e a comunhão com o próximo.
Onde entra
o evangelho a iniquidade é vencida e o amor aumenta. Notamos aqui a radicalidade do evangelho de Cristo, que é
o poder de Deus para a salvação de todo o que crê (Rm 1.16). Onde o Reino de
Deus entra há amor, justiça, paz, humildade e mansidão. A solidariedade é
abundante. O amor percorre os meandros da sociedade e da Igreja. Por essa
razão, temos um compromisso de pregar o evangelho em todo o lugar, a todo o
homem e ao homem todo. Só o evangelho de Cristo é capaz de curar a
esquizofrenia presente na sociedade e na igreja. Sabemos que
o evangelho de Jesus é suficiente para mudar o coração, tirar o coração de
pedra (o coração da maldade, iniquidade) e colocar o coração de carne (o
coração da bondade, da sensibilidade, da empatia). O coração transformado pelo
Senhor Jesus Cristo se importa com a dor, com a mazela e com o sofrimento do
próximo. A parábola do Samaritano contada por Jesus é muito clara nessa direção
(Lc 10.25-37)
A impetuosidade da maldade, da iniquidade ou injustiça
avança contaminando nossas famílias, viciando nosso filhos e netos, tornando-os
robôs dominados pela força da tecnologia, condenados a relacionamentos
pragmáticos e programáticos. A centralidade do ego precisa dar lugar a
centralidade de Cristo. A volúpia do ter precisa dar lugar ao equilíbrio do
ser. O amor às maquinas precisa ceder lugar ao amor às pessoas. A interação com
os instrumentos tecnológicos deve dar lugar à interatividade moldada pelo
coração. Não é a iniquidade ou a maldade
que precisa ser multiplicada, mas o amor, a solidariedade, a empatia e a
cumplicidade. Não podemos nos conformar com o avanço de um sistema
escravizador, pernicioso, doentio e assassino. O mundo é um sistema que deve
ser execrado. João nos ensina a não amar o mundo, o sistema perverso que está
posto (1 João 2.15-17). A nossa caminhada cristã é na contramão do sistema, mas
com profundo amor pelas pessoas que estão nele. Não permitamos que o amor
esfrie dentro de nossas famílias, igrejas e sociedade. Que Cristo – Aquele que
nos amou dando a Sua própria vida por nós – seja tudo em nosso ser para a
glória do Pai (Cl 3.11).
Pr. Oswaldo Luiz Gomes Jacob
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