“Como prisioneiro no Senhor, rogo-lhes que vivam de maneira
digna da vocação que receberam.” (Efésios 4.1)
A fé cristã não é a fé da boa vontade. Explico: não
experimentamos a fé cristã se fazemos dela o que desejamos e a vivemos segundo
nossos critérios. Ela tem seu próprio jeito e não poderemos ser cristãos ao
nosso próprio modo. Não se trata de estilo e nem de tradição. Alguns acham que
o modo da fé cristã tem a ver com estilo, normalmente algo mais clássico, e
outros a relacionam com tradições, ou seja, com o modo como nos acostumamos a
fazer as coisas. Em termos de estilo e de tradição, a fé cristã tem múltiplas
faces, e uma, necessariamente, não é mais sagrada que outras. Ela comporta a
diversidade, mas tem um jeito próprio. A fé cristã é a fé da submissão a Deus e
da comunhão com o irmão. Pois a fé cristã é a fé do amor a Deus acima de tudo e
do amor ao próximo como a nós mesmos!
A fé cristã é pessoal. Só é cristão quem pessoalmente crê e
rende-se a Deus. Não posso ser cristão com a fé do outro, ainda que seja meu
pai ou minha mãe. E nem o batismo pode me fazer um cristão. Ela não é a fé do
rito. Os ritos na fé cristã podem apenas exemplificar e testemunhar. Eles não
realizam, por si, coisa alguma! É preciso envolvimento pessoal pois ela é uma
fé pessoal. Mas ela não é um fé individual. Precisamos vive-la como Jesus a
ensinou e como a igreja primitiva a praticou: em comunhão e cooperação, como
Corpo de Cristo. A fé cristã é comunitária. A figura é a de um corpo do qual
somos as diversas partes, com diversas funções, e Cristo é a cabeça. É no
desafio e no privilégio da vida comunitária que a fé cristã é praticada e
amadurecemos para o Reino de Deus.
No âmbito da pessoalidade, a fé cristã nos chama para uma
vida ética, para darmos lugar ao Espírito Santo de modo que Ele produza em nós
o Seu fruto (Gl 5.22). Isso nos faz novas pessoas, com novas prioridades, com
novas atitudes: cidadãos do Reino de Deus. No âmbito da coletividade ela nos
chama a servir, a aprender e ensinar, a dar e receber, a unir nossas forças
para que o mundo sinta o impacto da presença do Reino, cuja expressão máxima é
o amor e não o poder. No âmbito pessoal somos embaixadores de Cristo (2 Co
5.20). No coletivo somos comunidade do Reino (1 Pd 2.9-10). E isso nos faz
igreja: gente que se reúne e se espalha para honrar a Cristo. A fé cristã tem
seu próprio jeito e ele confronta dois descaminhos que nos adoecem como
cristãos: nossa superficialidade e nosso individualismo. Será que não estamos
em algum deles?
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