Sou uma testemunha dos sofrimentos de Cristo e vou tomar
parte na glória que será revelada. (1Pe 5.1)
Pedro não foi testemunha do momento de maior sofrimento de
Jesus. Ele estava 30 metros de distante do lugar onde o Senhor passou por uma
hematidrose (fenômeno que ocorre quando uma pessoa que está sob tão forte
estresse mental, medo e sensação de pânico que isso provoca o rompimento das
veias das glândulas sudoríparas, o que faz com que ela transpire sangue
misturado ao suor). O problema não foi a distância em si, mas o sono que o
apóstolo não conseguiu vencer (Mt 26.36-46).
Todavia, dos outros sofrimentos de Cristo naquela
sexta-feira, Pedro foi testemunha ocular: do beijo de Judas e Jesus ser preso e
manietado até o momento em que ele derramou a sua alma no matadouro. Embora não
relate o sucedido em nenhuma de suas duas cartas, Pedro é mais do que testemunha
de um dos sofrimentos do Senhor: ele foi o causador dele. Trata-se da tríplice
negação de Pedro. O Evangelho segundo Lucas narra que Jesus estava no mesmo
recinto: “Então o Senhor virou-se e olhou firme para Pedro” (Lc 22.61).
Dos outros sofrimentos anteriores, o apóstolo também foi
testemunha. Ele sabia que os próprios irmãos de Jesus não criam nele (Jo 7.5);
sabia o quanto pesou sobre Jesus a morte bárbara de seu precursor e parente (Mt
13.13, 23-25); ele viu Jesus chorar por causa da tristeza de Maria quando
perdeu seu irmão Lázaro (Jo 11.33-35); viu Jesus chorar na entrada de Jerusalém
(Lc 19.41); ouviu alguns fariseus chamarem o Senhor de Belzebu, o chefe dos
demônios (Mt 12.24); ouviu a provável indireta de que Jesus seria um filho
bastardo (Jo 8.39-41).
Depois de afirmar que era testemunha dos sofrimentos de
Jesus, Pedro acrescenta: “e vou tomar parte na glória que será revelada”.
O sofrimento precede a glória, o que vale dizer que a glória
é posterior ao sofrimento!
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