“...constitui-nos, pois, agora, um rei sobre nós, para que
nos governe, como o têm todas as nações.” 1 Samuel 8: 5.
No que se refere ao contexto político brasileiro, os dias
atuais têm figurado certamente entre os mais turbulentos de nossa história. Os
sucessivos e vultosos escândalos de corrupção e a iminência de um afastamento
da Presidente da República tem agitado o país e politizado as conversas nos
círculos mais informais.
Todos, individualmente, querem apontar uma solução para a
crise. Virtualmente todos acreditam conhecê-la. O que, obviamente, não
significa que a solução seja realmente conhecida. Muito provavelmente ela nem mesmo
exista – ao menos não com o simplismo com que é usualmente enunciada. Mesmo
assim não podemos negar que uma batalha é travada todos os dias pelos corações
das massas por aqueles que difundem ideologias.
Ideologia é uma forma de pensar política que reduz
propositalmente os complexos modelos políticos e sociais a visões simplistas e
monolíticas, extinguindo a diversidade social legítima e fazendo o povo crer
numa utopia, com o objetivo de inspirá-lo à ação ou à acomodação que perpetue
um sistema de dominação. Não à toa, nesse campo de batalha, é comum que a
ideologia predominante considere todas as outras falsas e perniciosas, gerando
polarização e maniqueísmo. Embora tenha pressupostos falsos e incompletos, essa
batalha é extremamente sedutora às massas, pois apresenta um esperado caminho
de salvação.
A pregação do Evangelho Cristão, a qual proclama a redenção
humana baseada na intervenção divina na história por meio de Cristo, gerou na
sociedade ocidental uma expectativa de salvação como algo realmente possível na
história. Porém, ao mesmo tempo, na medida em que o cristianismo é rejeitado,
abre caminho para falsos messias, que apresentam outros caminhos de salvação.
Neste contexto é que uma sociedade pós cristã busca modelos salvacionistas em
outras searas (à semelhança dos hebreus que pediam um rei, como as outras
nações), e clama: – “Ideologia: eu quero uma pra viver!”
Não é difícil perceber como os que buscam ideologias estão
deificando algo dentro da criação de Deus e vendo isso como fonte de salvação
(sem Cristo). Ao mesmo tempo, em seu reducionismo, tentam focalizar a fonte do
mal na própria criação, em vez de culparem a rebelião do homem contra Deus. Eis
porque, mesmo contendo em sua proposta princípios bons e até cristãos, toda
ideologia é essencialmente idólatra.
“Disse o Senhor a Samuel: Atende à voz do
povo em tudo quanto te diz, pois não rejeitou a ti, mas a mim, para eu não
reinar sobre ele.” (1Sm 8.7). Como fez o povo hebreu, assim a nossa geração tem
rejeitado o Senhor. Temos forjado ídolos que nos socorram e estamos dispostos a
defendê-los, mesmo com prejuízo aos irmãos, à igreja e à proclamação do
Evangelho.
Ainda que o povo de Deus possa e deva ter suas convicções
políticas, elas não podem ser ingênuas sobre a condição pecaminosa do homem,
relativistas quanto à moral bíblica e ignorantes quanto à soberania e majestade
exclusiva de Deus sobre cada esfera da vida. Portanto, quebremos a cada dia os
nossos ídolos e busquemos de todo coração o único sistema que pode nos dar uma visão completa da vida, sarar a nossa terra e nos salvar! “buscai, pois, em
primeiro lugar, o seu reino [de Deus] e a sua justiça, e todas estas coisas vos
serão acrescentadas.” (Mt 6.33)
Que o SENHOR nos ajude!
Pr. Fábio Barreto
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