Esta indagação tem
inquietado o meu coração. Tenho visto muita baixa qualidade no ministério
pastoral hoje. Há muita gente no ministério que não é séria. Estamos no século 21
e precisamos de pastores comprometidos com o ministério delineado e
fundamentado nas Escrituras. Segundo John Stott, o apóstolo Paulo faz a Timóteo
um apelo tríplice: apelo ético, apelo
doutrinário e apelo vivencial. O velho líder, morto em 27 de julho de 2011,
foi muito sábio nesta abordagem. Temos notado problemas muito sérios nestas
três áreas. Aliás, elas são vitais no exercício do ministério concebido na
Palavra de Deus. Fazem parte do DNA do ministério pastoral. Timóteo, discípulo
de Jesus ensinado por Paulo, era um jovem pastor comprometido com o caráter de
Jesus Cristo, pronto a perder a vida pela missão que o Senhor lhe havia
confiado apenas por graça. Vejamos então os três apelos paulinos: ético,
doutrinário e vivencial
.
O
APELO ÉTICO
Quando examinamos o apelo ético, ficamos estarrecidos. Há elementos com deformação de caráter exercendo a atividade ministerial. Elementos
que usam de mentira, fazem do povo massa de manobra, não são sinceros em suas
manifestações, não sabem liderar com mansidão, não honram seus compromissos
financeiros, gastando mais do que ganham; usam de vaidade, aspiram uma vida
confortável e o pódio; desejam carros sofisticados, gostam de roupas de grife,
transitam em lugares não próprios, maltratam a família, buscam se aproveitar do
povo para fins de lucro, exigem salários altos, não honram compromissos de
agenda e pregam sermões dos outros como se fossem seus. Estão longe da ética do
Reino de Deus. Não têm intimidade com o Senhor por meio da oração e da Palavra.
Não fazem o culto doméstico. Vivem uma vida mundana, sem autoridade espiritual.
Sabemos que a Igreja é como o seu pastor.
O
APELO DOUTRINÁRIO
O apelo doutrinário
está ligado ao compromisso com as doutrinas bíblicas, com a ortodoxia batista
(em nosso caso). Timóteo estava visceralmente ligado à verdade das Escrituras.
Estas eram centrais em sua experiência como cristão e pastor. Paulo o orientou
a combater o combate da fé. O apóstolo lembra a Timóteo e a Tito a verdade
revelada. O velho pastor os ensinou a
amar a Palavra, a tradição oral e escrita da parte de Deus por meio do Seu
Espírito. A doutrina dos apóstolos e profetas estava enraizada em
Tito e Timóteo. O pastor é aquele que está comprometido com a apologética, com a defesa da fé. Um homem versado nas Escrituras,
cuja vida está pautada nelas. Stott indica que devemos defender, proclamar e ensinar a Sagrada Escritura com toda a fidelidade.
Timóteo devia manejar muito bem a Palavra da Verdade (2 Tm 2.15). Paulo o orientou
à leitura pública das Escrituras, à exortação e ao ensino (2 Tm 4.13). A
exortação de Paulo a Timóteo é clara: “Tem
cuidado de ti mesmo e do teu ensino; persevera nessas coisas. Dessa forma,
salvarás tanto a ti mesmo com os que te ouvem” (1 Tm 4.16). O pastor
genuíno, chamado por Deus como homem
comum para um trabalho extraordinário, deve amar as Escrituras, estudá-las
com dedicação e zelo. Ensiná-las com convicção.
O
APELO VIVENCIAL
O último apelo de Paulo a Timóteo é o vivencial. A partir de uma vida íntegra
(ética), um compromisso com a Palavra de Deus (doutrinário), temos a prática no
dia a dia. Vida mais Escritura nos levam à vivência, ao testemunho fidedigno,
absolutamente comprometido com o caráter de Deus Pai. Paulo ordenou a Timóteo a
tomar posse da vida eterna. Esta vida eterna está bem exposta em João 17.3: “Esta é a vida eterna: que te conheçam, o
único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste”. Esta vida eterna
foi-lhe dada quando ele creu na suficiência da obra de Cristo Jesus na cruz e
na ressurreição. O Senhor Jesus é o modelo de vida do pastor. Ele é o Bom
Pastor que dá a Sua vida pelas ovelhas (João 10.11). Deus, nosso Pai, tinha
prazer na vida de Jesus Cristo, Seu Filho. Como pastores, devemos dar prazer ao
nosso Senhor, Àquele que nos vocacionou. Que ao olhar para nós Ele veja ética,
amor à Palavra e obediência. Que cada pastor siga e sirva a Jesus Cristo com
alegria e singeleza de coração, sendo o exemplo para o rebanho.
À
semelhança de Timóteo, os pastores mais jovens do século 21 precisam ouvir os
mais velhos. Carecem de mentores, homens de Deus experimentados e aprovados.
Não nos esqueçamos de que os Timóteos de hoje, do século 21, precisam
testemunhar como Paulo, quando da despedida dos pastores de Éfeso: “Mas em nada considero a vida preciosa para
mim mesmo, contato que eu complete a carreira e o ministério que recebi do
Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus” (At
20.24). Também, olharem para o velho apóstolo, preso em Roma, quando declara com profunda convicção: “Combati o bom combate, terminei a carreira,
guardei a fé. Desde agora a coroa da justiça me está reservada, a qual o
Senhor, Justo Juiz, me dará naquele dia, e não somente a mim, mas a todos
quantos amarem a Sua vinda” (2 Tm 4.7,8). Os Timóteos do século 21 devem
estar conscientes do equilíbrio entre ética, doutrina e vivência. O Senhor
Jesus, nosso Pastor supremo, sabia, vivia e ensinava esse equilíbrio.
John Stott pergunta: onde estão os Timóteos do século 21? Ao
responder, ele diz: “Eles procuram ser leais não só a um ou outro desses
apelos, mas para toda a revelação bíblica, sem pinçar o que lhes agrada mais.
Eles buscam a retidão, combatem o combate da fé e tomam posse da vida eterna –
tudo isso ao mesmo tempo”. Deus é glorificado na vida dos ministros
comprometidos com os Seus propósitos em Cristo Jesus! Louvado seja Deus pelos
Timóteos do século 21! Que mais e mais obreiros assim sejam chamados, busquem a
excelência no preparo e trabalhem arduamente para a salvação de vidas e a
edificação da Igreja lavada pelo sangue de Jesus Cristo até que Ele volte!
Pr. Oswaldo
Luiz Gomes Jacob, desejando ser
um Timóteo.
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