A “bondade” — ter uma personalidade sadia e íntegra — é
excelente. Devemos procurar por todos os meios ao nosso alcance, sejam médicos,
educacionais, econômicos e políticos, produzir um mundo em que o maior número
de pessoas cresçam sendo “legais”, da mesma forma que devemos tentar contribuir
para um mundo em que todos tenham o suficiente para comer. Porém, não devemos
supor que, mesmo se tivermos sucesso em tornar todas as pessoas em seres
humanos bons, suas almas estarão salvas. Um mundo de gente boa, contente
consigo mesmo, que não olha adiante, distante de Deus, seria tão
desesperadamente necessitado de salvação, quanto um mundo miserável — e talvez
fosse até mais difícil de ser salvo.
O simples aperfeiçoamento não significa redenção, embora a
redenção sempre melhore as pessoas, até mesmo aqui e agora, e no final, as
aperfeiçoará num grau que ainda não podemos imaginar. Deus se fez homem para
transformar suas criaturas em seus filhos: não simplesmente para melhorar o
velho homem, mas para produzir um novo tipo de homem. Não se trata de ensinar
um cavalo a pular cada vez melhor, mas de transformar um cavalo em um ser
alado. É claro que, uma vez adquiridas as asas, ele levantará voo por sobre
obstáculos que antes nunca teriam sido vencidos e, com isso, acabará derrotando
o cavalo comum no seu próprio jogo. Contudo, poderá haver um período, enquanto
as asas ainda estiverem começando a crescer, em que ele não poderá fazê-lo. E
nesse estágio as protuberâncias em seus ombros — ninguém que as veja diz que
irão se transformar em asas — talvez até lhe deem uma aparência desajeitada.
Extraído
de “Um Ano com C. S. Lewis”
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