“Os sacrifícios que agradam a Deus são um espírito
quebrantado; um coração quebrantado e contrito, ó Deus, não desprezarás.”
(Salmos 51.7)
A fé humana se expressa por meio da religiosidade. É como
damos vida prática e concreta ao que cremos. É com exteriorizamos nossa
interioridade espiritual. Temos liturgias, templos, ritos, tudo com o propósito
de fortalecer nossa fé e nos ajudar a praticá-la. Mas, muito facilmente,
tomamos a forma pelo conteúdo e cuidamos mais do que há por fora do que zelamos
pela que deve haver por dentro. Concentramo-nos no exterior e esquecemo-nos do
interior. Somos zelosos na maneira “como” fazemos, mas nos desligamos da razão,
do “porquê” fazemos. É por isso que, por
exemplo, vamos ao templo para honrar a Deus, mas saímos de lá e agimos em
desonra a Deus. Brigamos pelo secundário e pecamos contra o essencial.
Iludimo-nos, se pensamos que Deus não se importa com isso.
Davi certamente aprendeu sobre o sistema de holocaustos
previsto a lei mosaica. Sua nação havia sido formada a partir da legislação de
Moisés, tornando a religião e a vida civil uma coisa só. E a lei dizia que, ao
pecar, a pessoa deveria oferecer uma oferta pelo pecado, um holocausto. Mas
Davi não correu para fazer isso quando foi confrontado pelo profeta Natã. Ele
correu para Deus e lhe pediu ajuda para ter um coração adequado. Ele sabia que
sua oferta de nada valeria sem um coração verdadeiramente quebrantado. Se não
percebermos a mesma coisa, nossa espiritualidade está destinada a ser uma
farsa.
Há pessoas cheias de atividades religiosas, mas vazias de
quebrantamento. E há pessoas que parecem quebrantadas, mas que não se doam à
comunidade de fé. Acabam optando por um estilo de fé individualista e que não
precisa desgastar-se com o outro e ocupar-se além de seus próprios interesses.
De um lado falta o coração quebrantado e do outro a vida que ele deve produzir.
Nos dois casos há um descompasso entre o interior e o exterior. Há uma
desarmonia entre fé e obras. Devemos rever isso e orar como orou o salmista,
“que as palavras da minha boa (atitudes) e a meditação do meu coração
(intenções) sejam agradáveis a Ti, Senhor” (Sl 19.14). Que Deus se agrade de nossa
espiritualidade. Tanto por dentro quanto por fora!
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