Mateus
26.30
Depois
de terem cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras.
Salmos
para o sofrimento
O
que você faria hoje se soubesse que amanhã
passaria pelo pior sofrimento de sua vida? Qual seria a sua atitude se
você tivesse a certeza absoluta de que amanhã
começaria os piores dias de sua existência?
Houve
um dia, na vida de Jesus, quando, olhando adiante, ele só
conseguia ver coisas absurdas e angustiantes. Seu dia seguinte seria o
dia do Getsêmani; o dia da depressão, da agonia; o
dia da escuridão da alma; o dia do choro, do gemido, da
solidão profunda. Pior ainda, seu dia seguinte seria o
primeiro dos últimos dias de sua vida; dias de seu pior
sofrimento.
Jesus
perderia a solidariedade dos amigos (todos dormiriam e não
orariam com ele); sentiria sua alma fraquejar (ele pediria que se
possível Deus afastasse dele o cálice do
sofrimento); sofreria a traição de Judas (seria
trocado por 30 moedas); seria condenado pela sua
tradição religiosa (eles o acusariam de
herético); Pedro o negaria diante dos homens; padeceria
vítima de sarcasmo, de ironia, de violência, de
crucificação, de dor e de morte.
O que
você faria hoje se soubesse que amanhã passaria
pelo pior sofrimento de sua vida? O que Jesus fez no sofrimento? Vimos
em Mateus 26.30 que ele cantou um hino.
Depois
de terem cantado um hino, saíram para o monte das Oliveira.
Mas,
que hino?
Os
estudiosos da tradição bíblica nos
informam que a comunhão da Páscoa sempre
terminava com o cântico dos “Salmos de
Hallel”, que eram compostos pelos Salmos 113 a 118.
Antes
da refeição da Páscoa eles cantavam os
dois primeiros Salmos (Sl 113 e 114). Após a ceia eles
entoavam os quatro últimos (Sl 115 a 118).
A
palavra “hallel” (vem de
“aleluia” – “louvai ao
Senhor”) é de origem aramaica. Significa:
“cântico de louvor e
exaltação a Deus”. São
músicas que celebram os acontecimentos da vida,
demonstrando a alegria de se ter o Senhor como Deus. Podemos dizer,
portanto, que Jesus, na hora do sofrimento, cantou “salmos
para o sofrimento”.
Para
se ter uma ideia do que Jesus cantou na véspera do seu
calvário, leia comigo os Salmos 115, 116, 117 e 118. Tenha
em mente os sofrimentos que ele experimentaria a partir do dia seguinte
até a hora de sua morte. Aprenderemos sobre o tipo de
conteúdo que nós precisaremos na hora do
sofrimento.
Salmo
115
1 Não
a nós, Senhor, nenhuma glória para
nós, mas sim ao teu nome, por teu amor e por tua fidelidade! 2Por
que perguntam as nações: “Onde
está o Deus deles?” 3 O
nosso Deus está nos céus, e pode fazer tudo o que
lhe agrada. 4 Os
ídolos deles, de prata e ouro, são feitos por
mãos humanas. 5 Têm
boca, mas não podem falar, olhos, mas não podem
ver; 6 têm
ouvidos, mas não podem ouvir, nariz, mas não
podem sentir cheiro; 7 têm
mãos, mas nada podem apalpar, pés, mas
não podem andar; e não emitem som algum com a
garganta. 8 Tornem-se
como eles aqueles que os fazem e todos os que neles confiam. 9 Confie
no Senhor, ó Israel! Ele é o seu socorro e o seu
escudo. 10 Confiem
no Senhor, sacerdotes! Ele é o seu socorro e o seu escudo. 11 Vocês
que temem o Senhor, confiem no Senhor! Ele é o seu socorro e
o seu escudo. 12 O
Senhor lembra-se de nós e nos
abençoará; abençoará os
israelitas, abençoará os sacerdotes, 13 abençoará
os que temem o Senhor, do menor ao maior. 14 Que
o Senhor os multiplique, vocês e os seus filhos. 15 Sejam
vocês abençoados pelo Senhor, que fez os
céus e a terra. 16 Os
mais altos céus pertencem ao Senhor, mas a terra ele a
confiou ao homem. 17 Os
mortos não louvam o Senhor, tampouco nenhum dos que descem
ao silêncio. 18 Mas
nós bendiremos o Senhor, desde agora e para sempre! Aleluia!
Salmo
116
1 Eu
amo o Senhor, porque ele me ouviu quando lhe fiz a minha
súplica. 2 Ele
inclinou os seus ouvidos para mim; eu o invocarei toda a minha vida. 3 As
cordas da morte me envolveram, as angústias do Sheol vieram
sobre mim; aflição e tristeza me dominaram. 4 Então
clamei pelo nome do Senhor: Livra-me, Senhor! 5 O
Senhor é misericordioso e justo; o nosso Deus é
compassivo. 6 O
Senhor protege os simples; quando eu já estava sem
forças, ele me salvou. 7 Retorne
ao seu descanso, ó minha alma, porque o Senhor tem sido bom
para você! 8 Pois
tu me livraste da morte, e livraste os meus olhos das
lágrimas e os meus pés, de tropeçar, 9 para
que eu pudesse andar diante do Senhor na terra dos viventes. 10 Eu
cri, ainda que tenha dito: Estou muito aflito. 11 Em
pânico eu disse: Ninguém merece
confiança. 12 Como
posso retribuir ao Senhor toda a sua bondade para comigo? 13 Erguerei
o cálice da salvação e invocarei o
nome do Senhor. 14 Cumprirei
para com o Senhor os meus votos, na presença de todo o seu
povo. 15 O
Senhor vê com pesar a morte de seus fiéis. 16 Senhor,
sou teu servo, Sim, sou teu servo, filho da tua serva; livraste-me das
minhas correntes. 17 Oferecerei
a ti um sacrifício de gratidão e invocarei o nome
do Senhor. 18 Cumprirei
para com o Senhor os meus votos, na presença de todo o seu
povo, 19 nos
pátios da casa do Senhor, no seu interior, ó
Jerusalém! Aleluia!
Salmo
117
1 Louvem
o Senhor, todas as nações; exaltem-no, todos os
povos! 2 Porque
imenso é o seu amor leal por nós, e a fidelidade
do Senhor dura para sempre. Aleluia!
Salmo
118
1 Deem
graças ao Senhor porque ele é bom; o seu amor
dura para sempre. 2 Que
Israel diga: “O seu amor dura para sempre!” 3 Os
sacerdotes digam: “O seu amor dura para sempre!” 4 Os
que temem o Senhor digam: “O seu amor dura para
sempre!” 5 Na
minha angústia clamei ao Senhor; e o Senhor me respondeu,
dando-me ampla liberdade. 6 O
Senhor está comigo, não temerei. O que me podem
fazer os homens? 7 O
Senhor está comigo; ele é o meu ajudador. Verei a
derrota dos meus inimigos. 8 É
melhor buscar refúgio no Senhor do que confiar nos homens. 9 É
melhor buscar refúgio no Senhor do que confiar em
príncipes. 10Todas
as nações me cercaram, mas em nome do Senhor eu
as derrotei. 11 Cercaram-me
por todos os lados, mas em nome do Senhor eu as derrotei. 12 Cercaram-me
como um enxame de abelhas, mas logo se extinguiram como espinheiros em
chamas. Em nome do Senhor eu as derrotei! 13 Empurraram-me
para forçar a minha queda, mas o Senhor me ajudou. 14 O
Senhor é a minha força e o meu cântico;
ele é a minha salvação. 15 Alegres
brados de vitória ressoam nas tendas dos justos:
“A mão direita do Senhor age com poder! 16 A
mão direita do Senhor é exaltada! A
mão direita do Senhor age com poder!” 17 Não
morrerei; mas vivo ficarei para anunciar os feitos do Senhor. 18 O
Senhor me castigou com severidade, mas não me entregou
à morte. 19 Abram
as portas da justiça para mim, pois quero entrar para dar
graças ao Senhor. 20 Esta
é a porta do Senhor, pela qual entram os justos. 21 Dou-te
graças, porque me respondeste e foste a minha
salvação. 22 A
pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular. 23 Isso
vem do Senhor, e é algo maravilhoso para nós. 24 Este
é o dia em que o Senhor agiu; alegremo-nos e exultemos neste
dia. 25 Salva-nos,
Senhor! Nós imploramos. Faze-nos prosperar, Senhor!
Nós suplicamos. 26 Bendito
é o que vem em nome do Senhor. Da casa do Senhor
nós os abençoamos. 27 O
Senhor é Deus, e ele fez resplandecer sobre nós a
sua luz. Juntem-se ao cortejo festivo, levando ramos até as
pontas do altar. 28 Tu
és o meu Deus; graças te darei! Ó meu
Deus, eu te exaltarei! 29 Deem
graças ao Senhor, porque ele é bom; o seu amor
dura para sempre.
Canção
para a alma
O
exemplo de Jesus nos ensina que, na hora do sofrimento, nada melhor do
que uma cancão, uma cancão inspirada por Deus,
para nos fortalecer, para nos aliviar, para nos encorajar com
fé e esperança, e nos encher de amor para
prosseguir.
Vocês
já observaram como os apaixonados que sofrem por amor
costumam cantar? Já viram como a música nos
alivia na hora da dor? Charles R. Swindoll foi feliz ao dizer que
“a combinação certa de palavras,
melodia e ritmo raramente falha em agir como mágica [para a
alma]”. É verdade!
Todos
sabem disso. Até os descrentes sabem disso.
Frank
Sinatra e Willie Nelson, por exemplo, regravaram uma
canção muito antiga nos EUA. Ela foi composta em
1929 e é muito querida por aqueles que nasceram
até meados do século passado. O nome da
música é: “Without a song”
(“Sem uma canção”).
A
letra da canção, em
tradução livre, diz assim:
Sem
uma canção o dia jamais terminaria;
Sem
uma canção a estrada jamais dobraria;
Quando
as coisas dão errado, um amigo o homem jamais teria, sem uma
canção.
Eu
tenho as minhas dificuldades e aflições;
Mas
tão certo quanto sei que o Jordão
correrá;
Eu
serei vitorioso desde que uma canção
minh’ alma não deixe de cantar.
Quando
a alma da gente se agarra a uma canção ela se
farta de fé, de esperança e de amor. Uma alma com
uma canção forte prevalecerá.
Nós
precisamos dos Salmos! A nossa alma precisa dos Salmos!
Os
Salmos são cancão para a alma.
Pressões
que não passam
Todo
ser humano, enquanto peregrinar por esta vida, jamais se
verá livre das implacáveis pressões do
dia-a-dia. Da dona de casa ao presidente da empresa. Do pastor ao
profissional liberal. Do estudante ao gari.
A
dona de casa, além de ter que manter a casa em ordem,
completando uma lista interminável de atividades
domésticas, precisa atender prazos, tomar
decisões e, principalmente, competir com forças
de vontade dos filhos.
Quem
trabalha fora experimenta uma opressão de um tipo diferente:
pessoas, pessoas, pessoas… pessoas insatisfeitas que
preferem gritar, agredir e processar do que sorrir, dialogar e resolver
os problemas. Na mesma proporção que as demandas
aumentam, provocando esgotamentos, a energia diminui.
Motoristas
de caminhão, ônibus e táxi, por
exemplo, têm uma rotina totalmente diferente, mas igualmente
exaustiva: a opressão do rosnado do trânsito,
calor, imprudência, violência e
quilômetros monótonos.
Até
o atleta se sente oprimido pela repetição
interminável com a qual ele tem que conviver. São
horas intermináveis de treino, dietas, solidão,
tédio, exaustão. Todo dia é a mesma
coisa!
Quem
negaria os rigorosos requisitos das atividades acadêmicas?
Alunos e professores igualmente convivem com a opressão
incessante e cíclica de preparação, de
tarefas diárias, de aulas, de projetos, de provas, etc.
Sobre
o dia-a-dia opressivo de todos nós, Charles R. Swindoll
comentou o seguinte:
O
fato é que a opressão não
irá embora! O vendedor tem que conviver com uma cota. O
artista deve ensaiar ou praticar constantemente. O médico e
o terapeuta não podem escapar de uma alma deprimida
atrás da outra, que entra e sai de seu
consultório. O motorista (e o piloto) precisa permanecer
amarrado ao cinto de segurança por horas. O pastor nunca
está livre das demandas do pastorado nem da
preparação de sermões. O radialista e
o jornalista não podem tirar os olhos do relógio.
Os dias não terminam… as estradas não
se suavizam… Socorro!
Como
sobreviver a tanta opressão? Precisamos de uma
canção. Sem uma canção o
dia jamais terminaria e a estrada jamais dobraria. Sem uma
canção nós ficaríamos
sozinhos. Precisamos de uma canção.
Precisamos
do livro dos Salmos.
Plagiando
a canção que Frank Sinatra e Willie Nelson
costumavam cantar: “Nós
seremos vitoriosos desde que um Salmo nossa alma jamais deixe de
cantar.” Com
essa verdade em mente é que nós nos propomos a
começar os estudos nos Salmos. Uma jornada que
tomará de nós meses de
dedicação.
Aplicações
Na
semana que vem, Deus permitindo, nós faremos uma
introdução geral aos Salmos, antes de
mergulharmos neles, um por um. Por ora, baseados na
experiência de Jesus com os Salmos, permitam-me fazer
três aplicações para concluirmos.
Instrução
| Não
separe a sua vida das experiências dos salmistas. Identifique
e examine os seus problemas à luz dos relatos dos Salmos (e
do resto das Escrituras). Jesus sempre fez assim.
Internalização
| Leia,
memorize, medite e ore os Salmos. Além de nos encorajar, os
Salmos falam a Deus por nós. São
experiências que explicam as nossas, e também
palavras que podemos tornar nossas.
Inspiração
| Busque
fortalecer a sua alma com as palavras dos Salmos. Faça desse
propósito a sua batalha de fé. Transmita isso
às próximas gerações em
diários com Deus.
Mateus
26.30
Depois
de terem cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras.
Que
o Senhor nos abençoe com
“Canção para a alma”.
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