Em contraste com a teoria marxista, a Bíblia não vê como má
uma pessoa que contrata outra e obtém lucro com o trabalho alheio. Isso não é
necessariamente “explorar” o empregado. Jesus disse que “digno é o trabalhador
do seu salário” (Lc 10.7).
Pense bem: com essa afirmação, o Senhor implicitamente
aprovou o pagamento de salários aos empregados. Na verdade, as parábolas de
Jesus frequentemente envolveram empregados e empregadores, além de pessoas
pagando outras por algum trabalho realizado, sem qualquer indício de que
contratar pessoas para trabalhar por salário seja mau ou errado. Até João
Batista, o “revolucionário”, disse aos soldados que se contentassem com os seus
salários (Lc 3.14).
Para exercer certas profissões, é necessário estar empregado
por outras pessoas, porque muitos indivíduos vendem serviços, e não bens ou
produtos. No mundo antigo, o empregado, o mensageiro e o agricultor trabalhavam
para outras pessoas, e no mundo moderno não é diferente. O professor, a babá, a
diarista, o analista de sistemas, o bancário, o agente de turismo, o pintor, o
encanador, entre outros, ganham dinheiro quando contratados para trabalhar.
Essa atividade é também necessária para aumentar produção. Muita coisa só pode
ser fabricada por trabalhadores em conjunto, formando, assim, as fábricas, as
empreiteiras, os escritórios, as montadoras, as confecções, etc.
Pagar outra pessoa por seu trabalho é uma atividade
graciosamente concedida pelo generoso Criador. Não é compartilhada por qualquer
outra criatura. Essa condição nos foi dada pelo Senhor para que pudéssemos
glorificá-lo mais plenamente em tais relacionamentos. De ambos os lados da
transação, podemos imitar Deus, e ele tem muito prazer em nos ver mostrando
palavra, honestidade, retidão, justiça, probidade, bondade, generosidade,
sabedoria e habilidade. Tal relação também dá a oportunidade de, por um lado,
alguém demonstrar o exercício apropriado da autoridade e, por outro, as reações
corretas a ela, na imitação da autoridade e da submissão que eternamente
existiu entre o Pai e o Filho na comunhão da Trindade. Quando o acordo entre as
duas partes funciona bem, ambos se beneficiam, manifestando, ainda, o amor de
um pelo outro.
Entretanto, as relações entre empregador e empregado são
portadoras de muitas tentações. O empregador pode exercer autoridade com
orgulho, rudeza, opressão, injustiça… por exemplo: tratando mal, pagando mal,
retendo o salário e não proporcionando ao empregado oportunidade de melhorar o
padrão de vida (Lv 19.13; Dt 24.24; Tg 5.4). Por outro lado, empregados também
são tentados a pecar por desleixo no trabalho, preguiça, inveja,
descontentamento, amargura, rebeldia, desonestidade ou roubo (1Tm 6.2; Tt
2.9-10). Porém, as distorções de algo bom não nos devem levar a pensar que a
coisa em si seja má.
As relações entre empregador e empregado não são moralmente
neutras, mas fundamentalmente boas e agradáveis ao Senhor, porque propiciam
muitas oportunidades de imitar o caráter de Deus e, assim, glorificá-lo.
Texto extraído e adaptado de “Business for the glory of God”, escrito por
Wayne Grudem.
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