O que somos para os donos do poder e da mídia? O que somos
para os apresentadores e para os políticos? O que somos para as grandes
empresas, os grandes supermercados, os bancos privados e públicos? Apenas e tão
somente CONSUMIDORES.
Assisti a uma entrevista de um prefeito importante do Brasil
a uma apresentadora de TV. Ele falava sobre albergues reformados e banheiros de
rua com qualidade. A apresentadora disse: "Que ótimo, senão a cidade
continua feia e perigosa e nem dá pra ser rico por aqui". E em seguida
ostentaram seus patrimônios, falando das propriedades, dos banheiros das casas,
de tudo mais.
Qualquer um pode ser rico. Mas a atitude da maioria dos
ricos é antagônica ao evangelho de Cristo e à sociedade mais pobre.
O apresentador da TV e o canal não estão preocupados com o
que transmitem, com a linguagem que usam, com o tipo de informação, com a
qualidade de seu material. Eles estão de olho nos índices de audiência. E se
detectam que o povo gosta de falar palavrão, andar deselegante e cantar músicas
promíscuas, é isso que eles darão no seu cardápio diário.
O banco não está interessado em que compremos a casa
própria, adquiramos o nosso carro novo ou saiamos de nossas dívidas. Para ele
nós somos menos do que nada. O que realmente interessa é o dinheiro que
pagaremos a eles através dos juros e dos serviços e do fluxo de capital que
contarão em suas contas gigantescas. Se um dia atrasarmos um pagamento, já
sabemos como eles são bondosos na aplicação dos juros.
O supermercado não está interessado em nos vender as coisas
de que necessitamos. Eles querem vender o que gerará lucro e para isso usarão
de subterfúgios, barateando algo supérfluo e encarecendo o básico. Quando
montam um quit básico, não é com materiais de primeira linha, e sim com restos
que não foram vendidos e estão atrapalhando o armazém geral.
Os governos não estão interessados em suas populações. Eles
não ligam se há esgoto na rua, se a iluminação pública está funcional, se há
segurança na pracinha, se há áreas degradadas ou se a documentação está em
ordem. Eles querem é que paguemos as taxas, os impostos, e maquiam tudo isso
com nomes bonitos, chamando de bondade, ajuda, gratuidade bondosa. Ledo engano!
Uma avenida ficou 4 anos com buracos onde podíamos plantar árvores; eles
cresciam sem limites; nos dias das eleições recapearam a avenida. Hoje, quatro
meses depois, o asfalto derreteu e as beiradas estão esburacadas e arrasadas.
Boa situação para novas obras e novas verbas...
A faculdade não está interessada em formar excelentes
profissionais. Ela interessa-se pelo maior número de alunos, que suprirão o seu
caixa para pagar as suas despesas e abrir novas unidades. Elas incentivam o
financiamento estudantil público e privado, porque, assim, receberão diretamente
de quem paga, deixando a dívida para que o financiador resolva. Seu interesse é
formar o maior número de gente, terminando a formação de um e colocando outro
no lugar, não importa que o conteúdo não tenha sido perfeito.
Igrejas gigantescas não estão interessadas nas pessoas. Dias
atrás assisti a uma bispa que se colocou num trono sem sapatos e sem meias,
mandando o povo beijar os seus pés por duzentos reais, dizendo que ficariam
curados. Mas foi categórica: "não falem comigo, apenas paguem, beijem e
saiam". Outra, herdeira de outra mega-igreja, falou ao microfone que não
queria ouvir o problema de ninguém, nem tampouco colocar a mão sobre ninguém
para orar, senão a fila seria interminável. Que as pessoas se satisfizessem em
ouvi-la e vê-la.
Somos consumidores! Somos pagadores de dívidas para
enriquecer os dominadores. Há quem compre bilhetes de capitalização com nomes
de concursos de ganhar um milhão. Eles realmente pagam um, dez ou cem, mas que
representa uma mixaria diante de tudo o que foi conseguido. E pagam não por
amarem ou serem bonzinhos com os consumidores; fazem-no para justificar o
negócio; perdem um pouco para ganhar muito.
Deus não se agrada nem um pouco disso tudo. Aliás, este
mundo jaz no Maligno e o seu príncipe já está julgado. O deus deste século
mantém o povo escravizado sob a mentira de que estão sendo ajudados. Nós vimos
muito bem o que significou a ajuda de alguns anos nos cofres públicos e
privados...
Mas vós desonrastes o pobre. Porventura não vos oprimem os
ricos, e não vos arrastam aos tribunais? (Tg 2:6)
Eia, pois, agora vós, ricos, chorai e pranteai, por vossas
misérias, que sobre vós hão de vir. (Tg 5:1)
E, outra vez vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo
fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus. (Mt 19:24)
Três coisas adicionais.
1) Não é pecado ser rico. Abraão foi rico. José do Egito foi
rico. Davi, Salomão e os reis de Judá foram ricos. José de Arimatéia foi rico.
A riqueza por si só não produz ímpios. O pecado não pertence à realeza e à
burguesia; ele está esparramado por toda a raça humana! Assim como os bancos
impõem juros abusivos, clientes desonestos fazem compras, não pagam e esperam
os bancos chamarem para um acordo, para receberem um valor ainda menor do que a
compra; ou então aguardam a famosa "caduquice". (isto não significa
que TODOS os casos sejam assim, pois há honestos que atravessam crises e que
precisam de acordos; mas muitos outros são desonestos e compram já pensando em
não pagar!).
2) O amor ao dinheiro é a raiz dos males. Ser rico não; ser
apegado, ser egoísta, ser invejoso, ser ajuntador sim!
Ai dos que ajuntam casa a casa, reúnem campo a campo, até
que não haja mais lugar, e fiquem como únicos moradores no meio da terra! (Is
5:8)
E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque
a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui. (Lc 12:15)
3) O rico que se torna cristão deve ser generoso. Sim, um
homem de bem, alcançado pela graça de Deus, não pode viver na mesquinhez e ser
soberbo. Deve saber repartir o que tem. Caixões não têm gavetas. Nada se leva.
E grandes patrimônios mal conquistados ou mal partilhados geram disputas
judiciais dos herdeiros que, não raras vezes, terminam em tragédias. O rico cristão deve ser generoso.
Conheço alguns deles. Um deles vendeu uma chácara na qual
não tinha mais interesse. Ele tinha um caseiro que, certamente, ficaria sem
nada. Ao vender a propriedade, separou um dinheiro, ergueu uma casa, demarcou
um bom lote e presenteou ao pai de família. Não é preciso dizer que houve
gratidão imensa por parte dele. Outro, também conhecido, tinha em seu orçamento
doméstico, diversas verbas que saíam. Ao falecer, descobriram que ele,
particularmente, ajudava pessoas idosas, orfanatos, pastores aposentados e tudo
isso de forma anônima. Um criador de um hipermercado internacional, nos Estados
Unidos, era tão rico, que o pastor de sua igreja pediu para ele repartir o seu
dízimo, pois não tinha o que fazer com tanto recurso. Então aos domingos pela
manhã ele encaminhava-se a uma igrejinha de interior, a mais pobre que
descobrisse. Assistia ao culto, participava. Era um tempo onde não havia
internet, as pessoas não se conheciam de forma instantânea. Ao término do culto
ele procurava o pastor e perguntava em quê poderia ajudar financeiramente. O
pastor, geralmente, falava de um órgão que precisava comprar, um forro que
tinha vazamentos ou um carro para buscar idosos. Então ele apresentava-se e
dizia que queria ajudar mais. Em seguida carretas chegavam com um templo
premoldado completo (nos Estados Unidos isso existe). O pastor, desesperado,
recusava, dizendo que não teria como pagar. Ele, então, dizia: "Cristo já
pagou pelos meus pecados. Eu só cuido do que é dEle e que Ele deixou nas minhas
mãos".
Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem
ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente
nos dá todas as coisas para delas gozarmos; (1Tm 6:17)
Mas para igualdade; neste tempo presente, a vossa abundância
supra a falta dos outros, para que também a sua abundância supra a vossa falta,
e haja igualdade; (2Co 8:14)
Infelizmente continuaremos consumidores para os poderosos
deste mundo. Mas poderemos consumir só o que for lícito e só o que realmente
precisarmos. O resto poderá ficar para eles, pois, com o critério da sabedoria
de Deus, saberemos dizer SIM ao que é bom e NÃO ao que é ruim.
Que o Senhor nos faça criteriosos.
Ora, o fim de todas as coisas está próximo; sede,
portanto, criteriosos e sóbrios a bem das vossas orações (I Pedro 4.7)
Pr. Wagner Antonio de Araújo
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