Poucas igrejas podem dizer: estamos na normalidade.
Neste Carnaval os auditórios das capelas, templos, catedrais
está mais vazio.
E não me refiro a retiros espirituais. Há igrejas que não os
fizeram; contudo, não contaram com a presença dos crentes.
Muitos viajaram. Aproveitaram o longo feriado para visitar
familiares.
Outros trabalharam (ainda que não no domingo e no Dia do
Senhor, como sempre, exceto algumas profissões).
Outos dormiram. Se é feriado nacional, creem que o Reino de
Deus também deve obedecer. Estão entre colchas e lençóis; isto é, no caso do
Brasil, estão debaixo dos ventiladores dos tetos de suas casas, pois o calor é
forte.
Mas há outros que, infelizmente, chafurdam na lama das
avenidas, dos bailes dos clubes, das casas noturnas, das esquinas das vilas,
das famílias, dos sítios e casas de veraneio. Lá não estão como crentes, mas
como mundanos, dignos de um lamento profundo e grande por parte dos pastores
que sofrem com as dores de um rebanho heterogêneo, com muito bode e pouca
ovelha, uma lavoura com muito joio e pouco trigo.
Crentes nominais sambam na avenida. Crentes nominais sambam
nos salões. E pipocam fotografias de festas à fantasia, momentos malditos do
encontro com o demônio, pois ali tiram a verdadeira máscara de santinhos e
mostram que a sua fé não vale um tostão furado. Basta uma porta aberta e este
crente corre para a lama de onde foi resgatado. Conversões questionáveis...
Assim como na quarta-feira próxima o Carnaval virará cinzas,
eles também voltarão à vida normal, achando que o que fizeram no Carnaval será
perdoado por Deus; afinal, Ele não é um Deus de amor? Tentarão compensar na
Semana chamada Santa...
Transformaram Deus num deficiente ontológico: um braço, o do
amor, do tamanho do mundo; o outro, o da justiça, atrofiado, um mero toquinho
inexpressivo. Esse é o deus dos que curtem o Carnaval: um monstro insuportável.
Esse deus medíocre é um pedinte, um mendigo pedindo um instante de atenção, de
ajuda, de carinho, de amor. Esse não é o Deus verdadeiro.
Deus é amor, mas é justiça também. E saberá punir
exemplarmente, no porvir, todo pecado oculto e toda ocultação de procedimento
dos que se dizem cristãos e não são. Haverá um tribunal de Cristo para os
crentes que perderam-se numa vida mundana. E, se não forem achados no Livro da
Vida, irão para o juízo final do Grande Trono Branco.
Pastores: precisamos de um "batismo de angústia",
tão bem explicado pelo inesquecível David Wilkerson em seu sermão (busquem esse
título e o encontrarão). Precisamos chorar pelas igrejas que pastoreamos como
Cristo chorou por Jerusalém, ao adentrar à cidade que o rejeitou. Precisamos
expressar o que o autor de hebreus afirmou ser tarefa do pastor: gemer pelas
almas das quais prestarão contas ao dono do rebanho. Não é tempo de felicidade
para os pastores batizados na angústia. É tempo de dores, pois sabemos que esta
cegueira do povo aumenta e contamina, destrói e trará consequências.
Pena que há pastores sambando junto com o povo. Alguns não
saem de estádios de futebol, mostrando ao rebanho o quão distantes estão do
"bom combate" da fé cristã: enquanto festejam um gol e celebram uma
vitória esportiva, o púlpito enfraquece, geme e chora, com a mediocridade dos sermões
e com a ineficácia espiritual destes obreiros. Contemporâneos? Não. Mundanos!
Jamais vi, numa guerra, os soldados saírem da trincheira para uma festinha.
Eles estão em luta! Paulo diz que orava noite e dia. E os pastores de hoje
mostram toda a sua disposição de não lutar, sambando com o povo em suas festas.
Férias e descanso são lícitos; vida esportiva é lícita; mistura com as
celebrações carnavalescas não. Amar mais o futebol do que o Reino de Deus
também não.
Sigo para a igreja onde sirvo ao Senhor. Como tantos,
enfrentarei um auditório cheio de vazios, espaços deixados por muita gente.
Queira Deus que estejam apenas atarefados, em lícitas viagens ou em alguma
atividade que glorifique a Deus. Mas que não deixarei de orar pelos crentes
brasileiros e pelas igrejas brasileiras, não deixarei mesmo!
Oh, Senhor, não olha para o pecado dos crentes desta
geração; olha para a Tua misericórdia e reaviva a Obra das Tuas mãos, a começar
em mim! Desperta o povo Teu e dá discernimento aos que Te buscam hoje, para
saberem que a nossa alegria é outra e de que não precisamos destes mundanos
festejos. Em nome de Jesus, amém.
Pr. Wagner Antonio de
Araújo
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